Tenho andado cansada estes dias.
Meio triste e preocupada. Este mês é de exames médicos. Exames importantes, cuja espera traz incerteza, medo, preocupação.
Decidi dar-me um dia do fim-de-semana de sofá e filmes.
Já no outro dia me tinha aparecido a sugestão de um filme que se chama “O Nosso Milagre” (Miracles in Heaven). Passei à frente, porque fujo de filmes que me fazem chorar e já se adivinhava que seria um filme triste.
Hoje à tarde andava à procura de Story of God, um documentário que fala da visão dos milagres de acordo com várias religiões, … quando voltou a surgir novamente o filme. Decidi ver.
Chorei, muito, claro. Mas a mensagem de amor e esperança que passa é maravilhosa.
Houve uma frase no filme, dita por um médico, que me levou a pensar nos milagres da minha própria vida. Ele disse “remissão espontânea” (a propósito da uma menina que estava tão doente que ia morrer) e como era a expressão médica usada para quando não havia explicação para algumas curas (afinal… os milagres existem!?).
Eu acho que às vezes andamos demasiado distraídos para reparar nos milagres da nossa própria vida.
Escrevo este texto para eu própria me lembrar deles quando por vezes a vida traz preocupação a mais, fazendo-nos esquecer do agradecimento. Partilho porque pode ser que ajude alguém…
Aqui vão alguns dos maiores milagres que aconteceram comigo:
– Pude levar para a frente uma gravidez que, desde o início, os médicos pensavam que ia ser um aborto;
– Tive um bebé às 37 semanas, quando desde o semana 4 houve risco de aborto e desde a semana 15 houve risco de parto prematuro;
– Quando o Miguel nasceu, o perímetro cefálico era menor do que o normal, por isso fomos fazer uma eco transfontanelar, uma ecografia ao cérebro do bebé para ver se estava tudo bem. Com cerca de 1 mês de idade, foram-lhe diagnosticadas “estrias no tálamo”. Sem me explicarem o que significava exatamente, a médica disse-me que teríamos que “aprender a viver um dia de cada vez”. O pesadelo de qualquer mãe com um recém-nascido nos braços. Alguns meses, mais duas ecos e a mesma médica disse que tinha havido uma “remissão espontânea” – o meu milagre tinha chegado!!!
– Cancro da mama com prognóstico reservado, vamos dizer assim, e um bebé de 11 meses. Remissão de 99% com quimioterapia, cirurgia e radioterapia, alimentação, psicoterapia e tudo o que experimentei para contribuir para a minha cura. E continuo cá 5 anos depois do diagnóstico.
Agradeço todos os dias pelo tempo extra que me foi milagrosamente oferecido.
E faço tudo o que posso para viver uma vida com significado, alinhada com quem eu sou, contribuindo para que a vida de outros também possa ser melhor.
Estes são aquilo que chamaria Grandes Milagres, mas muito mais te poderia falar sobre os Milagres “pequenos”.
- O amor que sempre esteve à minha volta.
- A força e a capacidade para andar em frente.
- Conseguir olhar para as dores (até agora) e decidir crescer com elas e ser melhor.
- Ter conseguido estudar no meio de cada período de crise e adversidade.
- Ter contado com tantas pessoas que se juntaram e rezaram por mim, sendo que a maior parte delas nem faço ideia quem são. A cada uma delas a minha gratidão eterna. Elas são o verdadeiro milagre!
E cada momento, cada detalhe, cada pormenor da vida que está por todo o lado. Cada encontro com a natureza nos incríveis cantinhos do nosso país, cada paisagem, a luz, cada ser vivo, cada folha, que recebe a gota de água da chuva para que depois ela possa seguir o seu caminho, neste ciclo em que que cada coisa acontece para um bem maior.
Desejo que cada um de nós possa parar e reparar nos Milagres que acontecem na nossa vida a cada momento. Nas coisas grandes, mas e principalmente, nas mais pequenas.
Todos precisamos desses Milagres de esperança nestes tempos difíceis.
Todos os dias posso ver milagres a acontecer. Todos os dias vejo almas humanas tocadas por outras almas humanas. Todos os dias vejo e faço parte de grupos de pessoas que se ajudam, compreendem, apoiam para além do esperado. Todos os dias me emociono por estar rodeada de pessoas que fazem verdadeiros milagres nas vidas umas das outras. Só precisava de parar para ver … e agradecer.
Então, independentemente dos resultados dos exames, só posso agradecer por todos os milagres da minha vida. Grata por todos os “anjos” que os têm feito acontecer.
E tu, já reparaste nos anjos e nos milagres da tua vida?!
Fica o convite!
Isabel Rodrigues says
Bom dia querida Eugénia.
Ao falares dos teus milagres e retirarem do teu caminho duro de vida, lições positivas e abençoadas, torna-se uma pessoa capaz, forte, persistente e lutadora.
Podes focar-te nestas características porque sem dúvida as tens e ainda ajuda muitas pessoas com os seus próprios problemas. Não percas essa capacidade de ajudar dessa maneira, porque para nós, do lado de cá, faz toda a diferença. Muitas das vezes, sãos as tuas ideias e projectos que nos vão mostrando que temos muito mais a dar e muito pelo que estar gratos.
Da minha parte, obrigada de coração 💛
Eugénia says
Grata minha querida.
Se ajudar alguém já fico feliz. No caminho ajudo-me também a mim. E se todos tentarmos dar o que de melhor que temos o mundo avança. <3
natália barbosa says
A Fé é uma palavra pequena e de grande poder, muitas vezes associada à religião, qualquer que ela seja, exista ou não na nossa vida, a fé parte de cada um de nós, pois para existir tem de se acreditar. Certo?
Ter fé é acreditar no milagre e o milagre é algo que está inscrito no que excede ao próprio ser humano,
e é ele, por mais pequeno ou grande que este seja, que acontece todos os dias e é sempre algo de mtº bom !
Acreditar é o primeiro passo e eu acredito!
Profundamente grata por me fazer lembrar disso,
Eugénia as tuas palavras são verdadeiramente milagrosas 🙏 …
bjs
💛💛💙💜🌈💌
Eugénia says
Querida Natália, é isso mesmo! Às vezes só precisamos de nos lembrar! <3