De há uns anos para cá todos os aniversários me pedem alguma reflexão.
Quem sou?! Onde estou?! Para onde quero ir?! Qual a marca que quero deixar no mundo e nas pessoas que passam por mim?! Os aniversários com números redondos parece que pedem uma reflexão ainda mais profunda…
Ontem fiz 40 anos. Há 5 anos atrás, no dia do meu aniversário estava a fazer uma biópsia à mama, que marcaria uma mudança profunda na minha vida toda. Uma mudança de identidade, um reajuste pessoal, profissional, espiritual que faz com que seja fundamental para mim sentir, com todos os poros do corpo, que estou a fazer o que pede a parte mais sábia e essencial de mim. Essa parte que sabe o caminho muito antes de que eu o consiga perceber conscientemente. Para dar os passos no sentido correto temos que parar e ouvir, ver, sentir, intuir os sinais.
A mudança já vinha a acontecer em mim desde que percebi que tinha um problema de infertilidade.
Já vos falei da história da minha avó paterna, que marcou profundamente a minha vida, e da minha dificuldade em conseguir ter filhos.
Mas não sei se vos contei que a minha avó morreu no dia de aniversário do meu avô. Os aniversários, lá em casa, ficaram marcados pela dor. Com esta história familiar e com a biópsia de há 5 anos, há uma parte de mim que se lembra da marca de doença e quase morte no dia do meu aniversário.
Mas há também outra parte, que eu nutro para que cresça saudavelmente, que quer celebrar a VIDA em cada aniversário. Essa é a ideia dos aniversários.
Este ano, ontem, com maior capacidade de decisão sobre a minha vida profissional, foi tempo de parar. Fiquei sem saber o que fazer com todo um dia de STOP. Não queria decidir nada, mas também não queria ficar a vegetar no sofá. Quando parei para pensar sobre isso, surgiu a ideia cá dentro de ir fazer uma massagem. Já fiz muitas massagens de fisioterapia, mas agora queria uma que fosse diferente. Queria uma massagem relaxante. Lá andei a perguntar onde poderia fazer e, na véspera, marquei a minha primeira massagem de relaxamento para celebrar as 4 décadas.
Que boa decisão! Foi como se tivesse dado um banho de amor ao meu corpo. Este corpo magoado com tantas dores que já passou. Este corpo que guarda ainda traumas de dor física. Um corpo que gritava por um amor só para ele. Físico. Encontrei umas mãos maravilhosas, de uma energia que sintonizou com a minha, toques suaves e amorosos, uma libertação de um amor rosa que cura.
Que os 40 anos me tragam a sabedoria para mudar o que precisa ser mudado, aceitar e amar este corpo que me permite existir.
O resto do dia, não planeado, foram surpresas atrás de surpresas. Em casa havia todo um plano, pensado para me surpreender. Deixar-me ir, sem expectativas, resultou em gratidão.
Grata a todos os que me fizeram transbordar de amor. Muitas lágrimas de um amor profundo saíram ontem dos meus olhos, que acolhi também com amor.
Quando a vida deixa de ser um dado adquirido, cada ano é uma vitória que merece um agradecimento.
Este é um tempo de reflexão e de agradecimento por todas as bênçãos da minha vida.
E é tempo de olhar para as minhas raízes e abrir mais as asas, para poder ir onde é suposto ir e ser completamente quem sou. É tempo de cultivar a minha luz interna, acarinhá-la, deixá-la crescer livremente, para que ela possa transbordar e iluminar muitas vidas que se cruzam com a minha. E, de maneira inesperada, constato que ela acaba também por ser iluminada desde fora, por tantas luzes que me rodeiam e se me oferecem, … porque o que dou acaba por ser o que recebo e o que recebo acaba também por ser o que eu dou. Fico grata à vida por isso.
Como se vê, ontem foi um bom dia de celebração/reflexão!
Rodrigo Silva says
Que legal…!!
Esta foi uma visita excelente, gostei muito, voltarei assim
que puder… Boa sorte..!