Sincronicidade diz-se de “acontecimentos com conexões acausais”, que são uma “coincidência significativa” (Jung).
Na Psicoterapia na Natureza as sincronias estão sempre a acontecer, basta prestar atenção, basta reparar.
Como já vos tinha contado, estivemos a trabalhar este mês o Outono – Soltar as Folhas que já não me servem. Depois de cada um de nós ter recolhido os objetos que representariam o que queríamos soltar, após conversarmos sobre o simbolismo de cada objeto, era hora de caminhar com eles, de lhes sentir o peso e de começar o processo de libertação.
Pois bem, meus amigos, o que aconteceu foi que assim que nos levantámos, já com os objetos nas mãos, preparados para caminhar de novo no trilho para refletir e soltar, ouvimos um estrondo enorme e uma árvore gigante, aí a uns 15 metros de nós, caiu morta à nossa frente.
O impacto em todos os que ali estavam foi enorme. Desde a pergunta sobre como uma árvore, que estava aparentemente bem, cai assim, de repente; até à interrogação de porquê naquele preciso momento, ela estava ali firme, de pé, uns segundos antes…
Observando a árvore mais de perto, era possível perceber que ela estava com térmitas ou qualquer outro tipo de bicho da madeira. Há muito que aquela árvore não estava saudável. Há muito que aquela árvore precisava de ajuda.
Há muito que ela estava doente e ninguém reparou.
A verdade é que a árvore podia ter caído em qualquer outra altura. Antes de nós lá estarmos… depois… A sincronicidade do momento em que aconteceu foi o mais surpreendente. A mensagem, para nós, foi clara: “Solta tudo o que te faz mal e corrói por dentro, antes que isso que tens dificuldade em soltar, acabe por te consumir e matar.”
É uma mensagem forte, certo?! Tal como a vida pode ser, às vezes, quando nos dá uns valentes safanões. A verdade é que foi uma chamada a despertar (uma “wake-up call”) para nós.
Ganhámos uma outra consciência sobre a importância do soltar.
E era isto que queria muito partilhar com vocês: era a altura de soltar. As dores, as mágoas, a revolta, a zanga, a raiva, a ciúme, as exigências impossíveis de alcançar e tudo mais que pudesse, mais lenta ou mais rapidamente, ir corroendo a nossa vida, a nossa existência.
Após o estrondo e o correspondente momento de solene contemplação, seguimos caminho com a certeza da importância e do esforço que devíamos colocar na libertação, para não nos acontecer o mesmo que à árvore.
No dia seguinte, com o novo grupo, senti como inevitável lá voltar.
Fizemos um círculo à volta desta árvore gigante, enorme, imponente. Um círculo de gratidão, um círculo de amor, um círculo para honrar os ensinamentos que generosamente partilhou connosco e que agora eu partilho com vocês. Conscientes também de que a partir do que esta árvore deixava ali, na terra, renasceriam outras formas de vida. A história do fim de ciclo desta árvore fica perpetuada nestas palavras que agora vos escrevo. Faltava fazer um reconhecimento. Deixar uma marca de amor no seu tronco sofrido. E assim, cada um à sua maneira, fomos silenciosamente prestar homenagem à grande árvore, à sua vida, à sua morte e ao novo ciclo de transformação que começou a acontecer a partir desse momento.
Tal e qual como entendemos que deve acontecer no interior de cada um de nós: deixar ir, soltar, para depurar e cicatrizar, para renovar e renascer por dentro e por fora.
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